sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Anorexia Nervosa












A anorexia nervosa é um transtorno do comportamento alimentar que se desenvolve principalmente em meninas adolescentes e mulheres jovens. Caracteriza-se por uma grave restrição da ingestão alimentar, busca incessante pela magreza e distorção da imagem corporal.

No geral, a doença começa a partir de uma dieta restritiva e persistente, onde a menina (o transtorno é mais comum em mulheres, mas homens também podem ser afetados) evita alimentos considerados por ela “proibidos” como doces, alimentos gordurosos e carboidratos no geral. A doença costuma ter como fator desencadeante algum evento significativo, como perdas, separações, mudanças, doenças orgânicas, ou outro fator estressante para a paciente e/ ou sua família.

Aos poucos, a pessoa passa a viver exclusivamente em função da dieta, da comida, do peso e da forma corporal. A doença progride com uma contínua e importante redução de peso.

Complicações clínicas:
As conseqüências clínicas são semelhantes às de um estado de desnutrição crônico. Quando acomete crianças ou adolescentes, interfere na curva de crescimento, levando a estaturas menores do que as esperadas, e atrasa ou até interrompe o desenvolvimento puberal. Grande parte das conseqüências clínicas são mecanismos compensatórios que o organismo apresenta para tentar justificar a diminuição da ingestão alimentar. O corpo reage como se houvesse ausência de alimentos no meio ambiente e suprime ou diminui todas as funções essenciais, minimizando o gasto de energia e eventualmente até alterando as funções vitais.

Alterações comuns apresentadas por pacientes com anorexia: hipotensão, hipotermia, atrofia cerebral, edema periférico, diminuição do tamanho do coração, resposta diminuída a demanda física – exercício, anemia, amenorréia, hipercolesterolemia, hipoglicemia, diminuição na produção de todos os hormônios sexuais, osteoporose, queda de cabelo e até a morte.

Tratamento:
Um dos principais objetivos do acompanhamento nutricional na anorexia nervosa é a reposição do peso corporal e a mudança do comportamento alimentar da paciente, sendo que estes dois aspectos precisam estar interligados. As preferências alimentares dos pacientes podem ser levadas em consideração na prescrição dietética, desde que, com elas, não se perca a qualidade nutricional do plano alimentar. A mudança no comportamento alimentar e as orientações nutricionais são essenciais.

No início há uma dificuldade muito grande por parte das pacientes em seguir as orientações para reposição de peso, em decorrência do medo mórbido que elas têm de engordar e da distorção da imagem corporal. Alimentos diet e light, bebidas dietéticas ou alimentos com gordura reduzida devem ser evitados, pois encorajam atitudes alimentares anoréxicas.

O aumento da quantidade de alimentos ingeridos pode ser mais facilmente aceito pelo paciente se for feito de forma gradual. A meta inicial é estabelecer um padrão regular de alimentação, que inclua três refeições e dois ou três lanches, evitando um intervalo maior do que três horas sem se alimentar. Uma vez que esta meta tenha sido atingida, o paciente deve ser gradualmente estimulado a aumentar a quantidade calórica total ingerida e incluir na dieta alimentos com mais calorias.

Vale ressaltar que a anorexia nervosa não tem cura, mas sim controle. Alguns pacientes conseguem estabelecer uma relação saudável com a alimentação e sua imagem corporal, no entanto, a grande maioria, mesmo que consiga manter um peso corporal dentro dos limites considerados “normais” passam a vida insatisfeitos e sentindo-se culpados com relação aos alimentos consumidos.

Referências:
ABUCHAIM, Ana L. Aspectos Históricos da Anorexia Nervosa e da Bulimia Nervosa. In: NUNES, Angélica. Transtornos alimentares e obesidade. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2006.

NUNES, Maria Angélica A.; RAMOS, Denise C;. Anorexia Nervosa: Classificação Diagnóstica e Quadro Clínico. In: NUNES, Angélica. Transtornos alimentares e obesidade. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2006.

BRAGA, Cláudia L. Manejo Nutricional. In: NUNES, Angélica. Transtornos alimentares e obesidade. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2006.

DUCHENSE, Mônica. Abordagem Cognitivo - Comportamental. In: NUNES, Angélica. Transtornos alimentares e obesidade. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2006.


FLEITLICH, Bacy W; et al. Anorexia Nervosa na Adolescência. Jornal de Pediatria, v. 76, Supl.3, 2000.

http://www.ambulim.org.br/index.php

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Transtornos Alimentares

O padrão de beleza ditado pela mídia e pela sociedade exerce um efeito marcante sobre as mulheres. Ao mesmo tempo em que há um aumento na oferta de alimentos de alto valor calórico, rápido preparo e consumo, os indivíduos estão cada vez mais sedentários pelas facilidades da vida moderna. Paralelamente, as modelos e atrizes de sucesso, que são consideradas exemplo de beleza para muitas mulheres, estão cada vez mais magras e não raro, apresentam corpo de pré–adolescentes, com formas pouco definidas. Os meios de comunicação que incentivam um padrão estético parecem ser ao mesmo tempo, expressão e determinantes das representações sociais sobre a beleza feminina, atuando como elemento de reforço para a restrição alimentar .

Em diversas épocas e nas mais variadas culturas, a aparência física sempre foi um elemento fundamental da imagem da mulher. No entanto, o corpo extremamente magro nem sempre foi o mais desejado. Na Renascença (Séculos XIII a XVII), as mulheres de corpo mais cheio, com quadris grandes e abdomens avantajados eram consideradas ícones de beleza. Nas décadas de 40 e 50, mulheres de seios fartos e corpos curvilíneos eram as mais valorizadas por seu “sex appel”. Com o passar dos anos, a referencia de beleza feminina passou de um corpo com curvas para um corpo magro, muitas vezes, com um aspecto andrógino. Nem sempre a dieta foi o principal meio de se atingir o corpo desejado. Na década de 20, as mulheres usavam faixas para tornar o tórax mais achatado e os seios menos aparentes. Em outras épocas, os espartilhos eram utilizados para reduzir a cintura das mulheres. Atualmente, dietas e exercícios físicos são os principais meios utilizados para a modificação corporal. Estudos epidemiológicos apontam um aumento na incidência dos transtornos alimentares, paralelo à redefinição do ideal de beleza (corpo com curvas para um corpo cada vez mais magro).

Os transtornos alimentares são desordens psicológicas, com múltiplas causas, dentre elas predisposição genética, socioculturais e vulnerabilidade biológica e psicológica.

Entre os fatores que levam as pessoas a desenvolverem transtornos alimentares, destaca-se a história de transtorno alimentar e (ou) transtorno do humor na família, os padrões de interação no ambiente familiar, o contexto sociocultural, caracterizado pela excessiva valorização do corpo magro e traços de personalidade. Os principais indivíduos acometidos por transtornos alimentares são jovens, do sexo feminino, com idades entre 12 e 25 anos, tendo em vista que a adolescência e o início da vida adulta são considerados estágios críticos para possível aumento de risco de insatisfação corporal, devido às mudanças psicológicas, emocionais, cognitivas e pelo aumento da preocupação com a aparência física.

Nas próximas semanas vou falar um pouco sobre Anorexia, Bulimia, Compulsão Alimentar e Vigorexia. Fiquem atentos!













Referências:
MORGAN, Christina M; AZEVEDO, Angélica M.C. Aspectos Sócio –Culturais dos Transtornos Alimentares. Psychiatry on line Brazil, 1998. Disponível em: http://www.polbr.med.br/arquivo/culture.htm. Acesso em: 25 set. 2009.

VITOLO, Márcia R.; BORTOLINI, Gisele A.; HORTA, Rogério L. Prevalência de compulsão alimentar em universitárias de diferentes área de estudo. Rev. Psiquiatr. RS, Porto Alegre, v. 28, n. 1, p. 20 -26, jan./ abr. 2006.

MORGAN, Christina M. et al. Etiologia dos transtornos alimentares: aspectos biológicos, psicológicos e sócio –culturais. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo, v. 3, p. 18 -23, dez. 2002.

BALLONE, G.J. Transtorno da compulsão alimentar periódica. PsiqWeb, 2007. Disponível em http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=394&sec=94. Acesso em: 25 out. 2009.

NEUMARK – SZTAINER, D. et al. Obesity, disordered eating, and eating disorders in a longitudinal study of adolescents: how do dieters fare 5 years later? J. Am. Diet. Assoc., v. 106, n. 4, p. 559 – 568, april. 2006.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Almoço e jantar: fundamentais para os pequenos











Acordar, correr, brincar, estudar, aprender, conversar, aprender mais, brincar mais, alimentar a imaginação, mexer o corpo, aprender de novo, brincar mais ainda... Aos olhos dos adultos, a rotina das crianças pode parecer fácil e tranquila. Porém, esse período da vida exige uma considerável carga de energia e esforço. Pode até ser uma rotina gostosa, mas é cansativa e exigente.

Para que as crianças possam desfrutar desses momentos e para que se desenvolvam corretamente, é fundamental dar atenção a uma alimentação equilibrada, com a presença de todos os tipos de nutrientes nas refeições diárias, tendo como base a Pirâmide Alimentar.

Refeições de base

Para a manutenção de uma rotina alimentar saudável, é preciso atentar às principais refeições do dia - café da manhã, almoço e jantar - que merecem muito cuidado por parte de pais e educadores.

O segredo da boa alimentação está em incluir e combinar todos os nutrientes: carboidratos, proteínas, gorduras, minerais, vitaminas, fibras e água. A regra geral é a de que não existem alimentos proibidos para as crianças, mas quantidades que devem ser controladas. Tudo é uma questão de variar o cardápio e não deixar de fora nenhum tipo de alimento nas principais refeições do dia.

Para isso, é necessário adotar alguns cuidados simples também no almoço e no jantar dos pequenos, lembrando sempre que indicações alimentares individuais só podem ser feitas nutricionistas.

Seguindo as regras gerais, é importante que em pelo menos uma das duas refeições de maior aporte energético-nutricional (almoço e jantar) seja oferecido para as crianças algum tipo de carne (vermelha, peixe, frango), acompanhando os carboidratos (arroz, massas) e as saladas. Ricas fontes de ferro e proteínas, as carnes apresentam contribuições fundamentais no processo de crescimento e manutenção da saúde.

Outra dica é o estabelecimento de um padrão alimentar, com alimentos típicos e habituais da criança e da família. A criação dessa verdadeira "cultura alimentar doméstica" ajuda na maior aceitação dos alimentos e permite aos pais estabelecerem combinações saudáveis dentro da rotina de refeições da casa.

Simplicidade e equilíbrio

Para compor o almoço e o jantar das crianças, os pais devem apostar na simplicidade, que também pode ser bastante nutritiva. Oferecer aos pequenos um prato com arroz, feijão e carne, acompanhado de uma salada de alface e tomate, mais um suco de fruta e uma salada de frutas na sobremesa é o suficiente, em termos gerais, para o fornecimento adequado de nutrientes que essas refeições pedem.

Simplicidade não significa monotonia: diferentes combinações e alimentos ajudam a manter em bons níveis as quantidades de nutrientes oferecidos às crianças.

A criatividade também ajuda a manter os pequenos devidamente alimentados. Montar pratos com aparência divertida, que sejam atraentes aos olhos, pode ser um trunfo para que as crianças não rejeitem os alimentos oferecidos. Da mesma maneira, almoço e jantar devem se transformar em momentos tranqüilos à mesa, de preferência com horários regulares.

Existem alguns cuidados simples que acabam sendo fundamentais para que o almoço e o jantar fiquem ainda mais nutritivos para as crianças. Uma dica é, por exemplo, oferecer frutas como sobremesa, induzindo à ingestão de nutrientes, no lugar das guloseimas açucaradas.

Outras sugestões são: utilizar com moderação açúcares, doces, sal e alimentos ricos em sódio e embutidos, dar preferência ao uso de gorduras encontradas em alguns óleos vegetais (girassol, milho, canola e soja), evitar o consumo excessivo de frituras e cuidar para que os alimentos, além de adequados do ponto de vista nutricional, também atendam às exigências higiênico-sanitárias básicas. Alimentos mal conservados ou preparados de maneira indevida (mal cozidos ou inadequadamente lavados) podem colocar em risco a saúde das crianças.

Não há grandes segredos no preparo das refeições dos pequenos. Respeitando o equilíbrio alimentar, oferecendo alimentos de todos os tipos e cuidando para que o preparo e apresentação dos pratos sejam adequados às crianças, a saúde e o desenvolvimento delas agradecerá.

Para a indicação de cardápios específicos, a dica é procurar um nutricionista. E, após esses cuidados, esteja pronto para curtir os pequenos enquanto eles aproveitam a vida correndo, brincando, aprendendo, crescendo...


Fonte: Site Nestlé