quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Transtornos Alimentares

O padrão de beleza ditado pela mídia e pela sociedade exerce um efeito marcante sobre as mulheres. Ao mesmo tempo em que há um aumento na oferta de alimentos de alto valor calórico, rápido preparo e consumo, os indivíduos estão cada vez mais sedentários pelas facilidades da vida moderna. Paralelamente, as modelos e atrizes de sucesso, que são consideradas exemplo de beleza para muitas mulheres, estão cada vez mais magras e não raro, apresentam corpo de pré–adolescentes, com formas pouco definidas. Os meios de comunicação que incentivam um padrão estético parecem ser ao mesmo tempo, expressão e determinantes das representações sociais sobre a beleza feminina, atuando como elemento de reforço para a restrição alimentar .

Em diversas épocas e nas mais variadas culturas, a aparência física sempre foi um elemento fundamental da imagem da mulher. No entanto, o corpo extremamente magro nem sempre foi o mais desejado. Na Renascença (Séculos XIII a XVII), as mulheres de corpo mais cheio, com quadris grandes e abdomens avantajados eram consideradas ícones de beleza. Nas décadas de 40 e 50, mulheres de seios fartos e corpos curvilíneos eram as mais valorizadas por seu “sex appel”. Com o passar dos anos, a referencia de beleza feminina passou de um corpo com curvas para um corpo magro, muitas vezes, com um aspecto andrógino. Nem sempre a dieta foi o principal meio de se atingir o corpo desejado. Na década de 20, as mulheres usavam faixas para tornar o tórax mais achatado e os seios menos aparentes. Em outras épocas, os espartilhos eram utilizados para reduzir a cintura das mulheres. Atualmente, dietas e exercícios físicos são os principais meios utilizados para a modificação corporal. Estudos epidemiológicos apontam um aumento na incidência dos transtornos alimentares, paralelo à redefinição do ideal de beleza (corpo com curvas para um corpo cada vez mais magro).

Os transtornos alimentares são desordens psicológicas, com múltiplas causas, dentre elas predisposição genética, socioculturais e vulnerabilidade biológica e psicológica.

Entre os fatores que levam as pessoas a desenvolverem transtornos alimentares, destaca-se a história de transtorno alimentar e (ou) transtorno do humor na família, os padrões de interação no ambiente familiar, o contexto sociocultural, caracterizado pela excessiva valorização do corpo magro e traços de personalidade. Os principais indivíduos acometidos por transtornos alimentares são jovens, do sexo feminino, com idades entre 12 e 25 anos, tendo em vista que a adolescência e o início da vida adulta são considerados estágios críticos para possível aumento de risco de insatisfação corporal, devido às mudanças psicológicas, emocionais, cognitivas e pelo aumento da preocupação com a aparência física.

Nas próximas semanas vou falar um pouco sobre Anorexia, Bulimia, Compulsão Alimentar e Vigorexia. Fiquem atentos!













Referências:
MORGAN, Christina M; AZEVEDO, Angélica M.C. Aspectos Sócio –Culturais dos Transtornos Alimentares. Psychiatry on line Brazil, 1998. Disponível em: http://www.polbr.med.br/arquivo/culture.htm. Acesso em: 25 set. 2009.

VITOLO, Márcia R.; BORTOLINI, Gisele A.; HORTA, Rogério L. Prevalência de compulsão alimentar em universitárias de diferentes área de estudo. Rev. Psiquiatr. RS, Porto Alegre, v. 28, n. 1, p. 20 -26, jan./ abr. 2006.

MORGAN, Christina M. et al. Etiologia dos transtornos alimentares: aspectos biológicos, psicológicos e sócio –culturais. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo, v. 3, p. 18 -23, dez. 2002.

BALLONE, G.J. Transtorno da compulsão alimentar periódica. PsiqWeb, 2007. Disponível em http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=394&sec=94. Acesso em: 25 out. 2009.

NEUMARK – SZTAINER, D. et al. Obesity, disordered eating, and eating disorders in a longitudinal study of adolescents: how do dieters fare 5 years later? J. Am. Diet. Assoc., v. 106, n. 4, p. 559 – 568, april. 2006.

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