sábado, 6 de novembro de 2010

Bulimia









A bulimia é um transtorno alimentar que tem como principal característica episódios de compulsão alimentar (grande ingestão de alimentos em um período de tempo muito pequeno) seguido de métodos compensatórios para a perda de peso. As pessoas com bulimia acabam vivendo em circulo vicioso de compulsão – purgação.

Um quadro de bulimia nervosa pode iniciar por uma necessidade real ou imaginária de perda de peso, decorrente de extrema insatisfação com o corpo. No entanto, diferentemente das anoréxicas, na maior parte das vezes, as bulímicas conseguem aceitar um peso que é mais adequado para sua idade e estatura, ainda que desejem se manter próximas aos limites inferiores dos padrões de normalidade.

Para a maioria das bulímicas, as tentativas de restringirem excessivamente a ingestão de alimentos para controlarem o peso se mostram sem sucesso, uma vez que não conseguem mantê-la por um longo prazo. Pelo menos inicialmente, a fome costuma ser o principal disparador de um episódio bulímico. Tais episódios geram um grande desespero, pois as ameaçam naquilo que mais temem: o ganho de peso. No começo, evitam este risco por meio de métodos menos invasivos, como exercícios físicos intensos ou restringirem ainda mais a alimentação (e até ficarem em jejum), até que se envolvem em manobras compensatórias, como indução do vômito e uso de laxantes ou/ e diuréticos.

Nos episódios compulsivos, as bulímicas ingerem, em média, de duas a cinco mil calorias, havendo relatos que alcançam mais de 15 mil calorias em um único episódio. Os alimentos preferidos são os fáceis de engolir e vomitar, em geral, altamente calóricos, como: sorvete, chocolate, balas, doces, bolo, biscoitos, leite condensado, pipoca, salgadinhos e pizza, todos consumidos em exagero. Em média os episódios duram pouco mais de uma hora, podendo variar entre 15 minutos e oito horas.

As manobras utilizadas para compensar a ingestão calórica elevada são diversas. Algumas mastigam a comida e cospem antes mesmo de engolir, porém a grande maioria recorre ao vômito. Algumas também, acreditando que impedem a absorção de calorias, utilizam laxantes.

Complicações Clínicas
As complicações clínicas da bulimia vão variar dependendo do tipo de método compensatório que a paciente utiliza para perder peso.

Vômitos excessivos podem ocasionar calosidade no dorso da mão pela lesão de pele causada pelos dentes ao provocar o vômito (sinal de Russel), erosão do esmalte dentário e cáries. A paciente ainda pode apresentar dor abdominal, gastrite, esofagite, erosões gastroesofágicas, sangramentos e em casos mais graves perfuração esofágica e ruptura gástrica.

O consumo contínuo e abusivo de laxantes gera dependência. O intestino passa a necessitar de doses cada vez mais elevadas para obter efeitos semelhantes, o que gera verdadeiro abuso de laxantes, com risco de graves complicações clínicas.

Tratamento Nutricional:

O tratamento nutricional na bulimia nervosa busca a mudança no comportamento alimentar, auxiliando na parada dos processos purgativos. A adoção de um esquema e diário alimentar e a orientação nutricional demonstram ser um importante auxílio no manejo inicial dos sintomas para interrupção dos comportamentos compensatórios e da compulsão periódica.

História de oscilação de peso importante acompanha grande número de pacientes bulímicas. Embora apresentem um peso normal e não necessitem de um programa para reposição de peso, elas precisam ser levadas a alimentarem-se adequadamente, abandonando as práticas restritivas e aceitando a ideia de atingir um peso que talvez considerem além do desejado. Mesmo que apresentem algum grau de sobrepeso e até mesmo de obesidade, elas devem propor-se a uma mudança no comportamento alimentar sem ter como objetivo a perda de peso. Vale ressaltar que o fato de a paciente reestruturar sua alimentação e mudar os hábitos alimentares, não raro, permite uma perda de peso sem auxílio de uma dieta restrita em calorias.

O uso de alimentos diet e light é desaconselhado. O Nutricionista auxilia a paciente a adquiri um novo padrão alimentar, encorajando-a ao consumo de todo tipo de alimentos que não representem restrição calórica.

Levantar as dúvidas da paciente, traduzir seus anseios a respeito da nutrição, desmistificar falsos conhecimentos sobre sua alimentação normal e sadia é a responsabilidade do Nutricionista no tratamento da bulimia.

Lembrando sempre que os transtornos alimentares devem ser tratados dentro de uma equipe multidisciplinar.

Referências:

AZEVEDO, Angélica de M.C; ABUCHAIM, Ana L. Bulimia Nervosa: Classificação, Diagnóstico e Quadro Clínico. In: NUNES, Angélica. Transtornos alimentares e obesidade. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2006.

BRAGA, Cláudia L. Manejo Nutricional. In: NUNES, Angélica. Transtornos alimentares e obesidade. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2006.

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